Capítulo 10 - Dedicatória dos Méritos

1. Pelo mérito que adquiri compondo O Caminho para a Iluminação, possam todos os seres entrar na prática dos Bodhisattvas!

2. Possam todos os que em todos os cantos do mundo sofrem dores do corpo ou do espírito obter, graças aos meus méritos, oceanos de prazer e de alegria!

3. Enquanto dure para eles a transmigração, que nunca a felicidade sofra um eclipse! Que os seres deságüem na felicidade sem limite dos Bodhisattvas!

4. E que em todos os infernos do universo os seres gozem dos prazeres e das alegrias de Sukhavati!

5. Que os condenados ao frio recebam o calor! Que os danados do calor sejam refrescados pelas imensas ondas vertidas pelas grandes nuvens que são os Bodhisattvas!

6. Que para eles a floresta-das-folhas-em-lâminas-de-espadas passe a ser um magnífico jardim e as árvores Kutashalmali outras tantas árvores-dos-desejos!

7. Que as regiões infernais conheçam o encanto dos lagos, salpicando a alegria das brincadeiras dos pássaros aquáticos e o perfume das flores de lótus luxuriantes!

8. E que o montão de carvões ardentes se torne uma pilha de gemas! O chão escaldante, um pavimento de cristal! As montanhas esmagadoras, palácios celestiais decorados de oferendas e povoados de Budas!

9. Que a chuva de lava, de pedras incandescentes e de espadas passe a ser uma chuva de flores! Que a batalha com armas passe a ser um agradável torneio de flores!

10. Que os seres mergulhados no rio Vaitarani, de vagas escaldantes como o fogo, com as carnes despedaçadas e os ossos esbranquiçados como o jasmim, obtenham, pela força dos meus méritos, uma natureza divina e se divirtam com as deusas no rio Mandakini!

11. E vendo num repente os servidores da morte, corvos e abutres horríveis, encolherem-se de medo, dizem: «Donde vem este generoso poder de dissipar as trevas e trazer a alegria?» Então, levantando os olhos, vendo erguer-se no céu o flamejante Vajrapani, que eles sejam libertos das suas faltas e se lancem alegremente ao céu para o acompanharem.

12. Eis que cai uma chuva de lótus e água perfumada! Oh que felicidade! Sob o manto desta vaga vão-se apagando os fogos do inferno! «Que está a acontecer?», dizem os condenados, subitamente inundados

13. «Amigos», gritam, «vejam, vinde rápido! Arredem todo o medo!» Eis que chega, libertando do medo o inferno, um jovem príncipe penteado com tranças. O seu poder elimina todas as calamidades e faz correr rios torrenciais de alegria: é o Bodhisattva com o coração transbordante de amor! A sua presença protege todos os seres do sofrimento!

14. «Vejam! Sobre os lótus dos seus pés refletem-se diademas de centenas de deuses prosternados. Os seus olhos estão húmidos de compaixão e sobre a sua cabeça cai uma chuva de flores; no seu palácio encantador vibram os cânticos de milhares de deusas celebrando as suas louvações: é Manjushri!» E vendo-o face a si, que os danados o aclamem!

15. Pelo efeito dos meus méritos, que os danados tenham a alegria de encontrar as nuvens de chuvas e as brisas deliciosas, frescas e perfumadas, que criam Samantabhadra e os puros Bodhisattvas!

16. Que os animais parem de se devorar entre si! Que os espíritos torturados sejam felizes como os homens de Uttarakuru!

17. E que sejam saciados! Banhados e refrescados pelos regatos de leite que correm dos dedos de Avalokiteshvara!

18. Que os cegos vejam, que os surdos ouçam, que as mulheres dêem à luz sem dor, como Mayadevi!

19. Que os maltrapilhos recebam roupas, os esfomeados encontrem comida e os sequiosos água e bebidas deliciosas!

20. A riqueza aos pobres! A alegria aos aflitos! Que os corações despedaçados retomem a esperança, a força e o êxito!

21. Que os doentes recuperem rápido a saúde e que a doença seja desconhecida no mundo!

22. A coragem aos medrosos, a liberdade aos cativos, a força aos enfezados e a afeição recíproca a todos os seres!

23. Que todas as regiões sejam propícias aos viajantes e que os ajudem no sucesso das suas viagens!

24. Que os navegadores realizem os seus desejos! Que regressem tranqüilamente aos portos e se regozijem com as suas famílias!

25. Que os viajantes perdidos e dolentes encontrem companheiros e se façam ao caminho sem fadiga, ao abrigo do perigo dos ladrões e dos tigres!

26. Que os deuses protejam as crianças, os velhos e os abandonados, adormecidos em regiões inóspitas e desertas, vencidos pelo cansaço!

27. Que os seres estejam sempre ao abrigo das condições difíceis, cheios de fé e de sabedoria, de compaixão e de meios de subsistência puros, com boa conduta, relembrando-se das vidas anteriores.

28. Que tenham tesouros inesgotáveis como Gaganaganja.Que vivam na harmonia, na paz, na independência!

29. E que os seres sem esplendor se tornem resplandecentes! Se são marcados fisicamente pela provação, que ganhem corpos lindos e perfeitos!

30. Que todos os seres femininos ganhem o sexo masculino! Que os humildes se tornem grandes e os orgulhosos sem orgulho!

31. Pelo poder dos meus méritos, possam todos os seres sem exceção desviar-se dos atos negativos e praticar o bem para todo o sempre!

32. Que nunca se separem do Pensamento da Iluminação, sempre se aplicando na prática dos Bodhisattvas e favorecidos pela graça dos Budas! Abandonem os atos negativos!

33. Que todos os seres gozem de uma vida ilimitada! Que vivam eternamente felizes! Que o nome mesmo da morte desapareça!

34. E que todo o espaço fique repleto de Budas e de Bodhisattvas, embelezado de parques com árvores maravilhosas e encantados pelo som do Dharma!

35. Que por todo o lado a terra seja limpa de gravilhas e de outras asperezas, suave e una como a palma da mão e da natureza do lápis-lazúli!

36. Possam grandes assembléias de Bodhisattvas surgir por todo o lado, decorando a terra com o seu esplendor!

37. Que os pássaros, as árvores, os raios de luz e o céu façam continuamente ouvir aos seres a voz do Dharma!

38. Que os homens fiquem para sempre na companhia dos Budas e Bodhisattvas e que honrem com nuvens de oferendas o Preceptor do Mundo!

39. Que pela graça dos deuses chova quando é oportuno, que as colheitas sejam abundantes e
o mundo próspero; que os reis governem segundo o
Dharma.

40. Que os remédios sejam eficazes e a recitação dos mantras coroada de êxito. Que as fúrias, os vampiros e os outros demônios sejam compassivos!

41. Que nenhum ser seja infeliz, maldoso, doente, temeroso, desprezado ou angustiado!

42. Que os mosteiros sejam abrigos de estudo florescentes! Que a harmonia reine no Sangha e que a sua obra triunfe!

43. Que os monges desejosos de praticar encontrem ermidas tranqüilas. Isentos de qualquer distração, possam eles conquistar o espírito pela meditação!

44. Possam as monjas receber donativos e permanecer sem disputas e tranqüilas. E também que todos os
religiosos observem rigorosamente as regras da disciplina!

45. Que os que transgrediram os votos se arrependam e se apliquem sempre a destruir as suas faltas! Que alcancem os renascimentos felizes e nunca mais se separem da conduta justa!

46. Que os sábios sejam respeitados, alimentados pela esmola, de um caráter puro e de reputação universal!

47. Sem ter de suportar os tormentos do inferno, sem dificuldades particulares e com um único corpo, superior ao dos deuses, possam os seres alcançar o mais rápido possível o Estado de Buda!

48. Que todos os seres venerem vezes sem conta todos os Budas e permaneçam constantemente felizes na inconcebível felicidade de Buda!

49. Que os votos formulados pelos Bodhisattvas para o mundo se cumpram! Possam os seres receber tudo o que os Protetores lhes desejam!

50. Possam os Budas por si e os Auditores permanecer serenos.

51. Possa eu, pela graça de Manjushri, acordar a memória das minhas vidas e receber a ordenação até que alcance a Terra-da-Alegria!

52. Possa eu viver com um alimento frugal e em todas as minhas vidas encontrar um lugar solitário ideal!

53. Quando o queira ver ou interrogar, possa eu ver sem obstáculos o meu protetor, Manjushri!

54. Possa eu agir como Manjushri, que para o bem dos seres caminha nas dez direções até aos confins do espaço!

55. Enquanto dure o espaço e o mundo, possa eu trabalhar para destruir as dores do mundo!

56. Que a dor do mundo amadureça em mim e que o mundo seja feliz pelas boas obras dos Bodhisattvas!

57. Remédio único para a dor do mundo, fonte de toda a prosperidade e de toda a felicidade, que a Doutrina dure por muito tempo, investida de proveitos e de honra.

58. Saudação a Manjushri, pela graça de quem o meu pensamento se dirigiu para o bem. Homenagem ao amigo espiritual, pela graça de quem ele se desenvolve!

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